e aí, tudo em ordem?! antes de começar pra valer, recados:
estou feliz com o lançamento, somos mais de 50 inscritos e amei os feedbacks;
quem chegou depois do envio da primeira edição, comece por aqui: procura-se uma voz;
prometo respeitar sua caixa de e-mails na alegria ou na tristeza até que o unsubscribe nos separe. dito isso, explico: nesse primeiro momento, com sua licença, vamos nos falar um pouco mais por conta dessas duas primeiras edições de apresentação + uma “edição piloto” que entrego logo no início da próxima semana? falo dela ao final;
futuramente, vou estudar e acertar uma periodicidade (ainda se usa esse termo em 2023?);
dificilmente eu consiga ou pretenda, aqui na /minuta, seguir uma linha certinha da construção da pesquisa/tese. mas tem coisas que não dá para pular, como apresentar o que estudo, e farei isso hoje – perdão pelo ‘nariz de cera’ da primeira edição. daqui pra frente as edições devem ter menos cara de banca de seleção.
vamos nessa!
o meu doutorado é em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA – atualmente, nota 6 💅 e a linha de pesquisa em que estou se chama Comunicação e Cultura Digital. a professora doutora Suzana Barbosa é quem me orienta e estou vinculado, desde 2016, ao pioneiro e amado (guardei todos os adjetivos pra ele) Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-Line – o GJOL.
o lead do projeto de pesquisa
o quê: o jornalismo que tem se especializado na cobertura das big techs e dos impactos sociais de suas atuações. resumidamente, a cobertura das plataformas ou, como tem chamado 'os gringos', platform beat.
quem: interesso-me pela ideia de 'comunidade interpretativa' formada por jornalistas que, por conta da profissão, partilham visão de mundo sobre os acontecimentos e aprendem e moldam suas práticas entre si. ou seja, estudo como essa comunidade se relaciona com a plataformização da sociedade.
onde: duas organizações me interessam em particular: Núcleo Jornalismo (Brasil) e The Markup (EUA). mas a minha ideia não é concentrar tudo nessas organizações, mas, mais para o final da pesquisa, entendê-las como casos ilustrativos da prática que investigo.
quando: tudo em todo lugar ao mesmo tempo. aqui e agora.
como: no centro do desenho metodológico estão os estudos de caso, mas a ideia é trabalhar com métodos mistos e temperos de criteriosa criatividade.
↘️importante
por que: as empresas de plataforma detêm cada dia mais poder, um poderio global. não apenas, mas principalmente financeiro e tecnológico. meu lado romântico em relação a minha profissão justifica que onde há poder tem que haver bom jornalismo para investigá-lo. uma complexidade em especial me atrai para essa pesquisa: o fato de as organizações jornalísticas serem parte altamente interessada por essa vigilância das plataformas, uma vez que tiveram seus negócios bruscamente impactados pelo monopólio das big techs.
um pouco de bastidor: ao longo dos últimos dois anos, o que eu respondia à pergunta sobre o que ando estudando mudou muito. a pesquisa é diferente da que eu entrei no doutorado, mesmo ainda estando nessa relação plataformização e jornalismo. depois posso escrever sobre os projetos e versões abandonados pelo caminho. no mestrado eu fui um tanto em linha reta, focado na ideia de como jornalistas usavam lives nas apurações. por isso, confesso que algumas vezes me deu uma certa insegurança ter mudado tanto até aqui no doutorado, mas talvez seja o processo natural somado com a possibilidade de se dar ao luxo de ter um pouco mais de tempo. o que acha?
exemplos da cobertura das plataformas
talvez você esteja se perguntando: mas existe mesmo isso de jornalistas e veículos especializados ou se especializando em cobrir as big techs? deixo aqui, então, alguns exemplos…
um mais popular
Facebook Papers é um selo para uma série de investigações jornalísticas, iniciada pelo The Wall Street Journal e seguida por um consórcio internacional de veículos. com documentos vazados, descobriu-se, entre outras coisas, que a agora Meta priorizou o crescimento da plataforma em detrimento da segurança e privacidade dos dados de seus milhões de usuários. veículos de várias partes do mundo colaboraram. o Núcleo fez um apanhado da cobertura aqui no Brasil. eu arrisco dizer que essa série deu uma guinada importante no enquadramento das notícias sobre a Meta.
o mais evidente
The Markup, com sede em Nova York (EUA), é uma organização sem fins lucrativos de jornalismo investigativo cujo slogan deixa claro o que eu pesquiso: “big tech is watching you. we’re watching big tech” (as big techs estão de olho em você, nós estamos de olho nas big techs - em tradução livre e, sim, o título desta edição é totalmente inspirado neles.
um brasileiro
saca como o Núcleo Jornalismo se descreve: “uma iniciativa que cobre o impacto das redes sociais nas vidas das pessoas” e, atualmente , seu slogan é “jornalismo inteligente sobre redes sociais”. eu acompanho o Núcleo desde o comecinho – desde a treta da Vortex. Uma equipe brilhante de dados, sob direção de Sérgio Spagnuolo e Alexandre Orrico, começou a procurar seu lugar ao sol, primeiro com uma abordagem mais generalista de jornalismo de dados, mas já com forte relação com comportamento e redes sociais, até se firmar nessa cobertura atual. aqui no Brasil, Aos Fatos, The Intercept Brasil, *desinformante e parte do trabalho que tem feito a Patrícia Campos Mello da Folha oferecem também bons exemplos de platform beat.
uma promessa
esse eu recebi de um seguidor aqui da /minuta! fique à vontade para me escrever também. a Agência Pública promete uma investigação transnacional sobre desinformação eleitoral e internet. vamos esperar. quer um assunto mais dos nossos tempos e totalmente dentro da pauta das plataformas que esse?
🙋por hoje é isso, espero que possamos seguir, agora na mesma página, depois desses exemplos e apresentações.
NO QUE ESTOU TRABALHANDO AGORA
📚 … no refino da metodologia. estou lendo bastante sobre, inclusive com uns clássicos bons e ruins sobre metodologia e comunicação. 1) porque quero muito levar para a qualificação um capítulo ou um artigo com a proposta metodológica principal da tese. 2) porque até o final do próximo mês eu tenho um artigo para terminar por conta de um resumo já aprovado pelo I Seminário de Metodologia em Ciências Sociais, que vai acontecer em setembro na UFBA.
⏺️ nesta quinta-feira (27) eu e minha orientadora entrevistamos, veja só, Philip Napoli, da Sanford School of Public Policy/Duke University (EUA). ele é nada mais nada menos que o cara que escreveu o artigo que eu queria ter escrito – com um tico mais de pessimismo/realismo (meu jeitinho). foi ele quem primeiro organizou essa ideia de Platform Beat. pretendemos uma publicação acadêmica para a entrevista. falamos depois sobre.
PRÓXIMA EDIÇÃO
📅 vou liberar meu “bloquinho de anotações” com os destaques do que vi no maior evento de jornalismo investigativo do Brasil, o Congresso da Abraji
Já estou adorando acompanhar seus estudos. Bela jornada, amigo!
Amei! Adoro acompanhar a construção de um conhecimento e com esse jeito Alê de escrever, tudo fica ainda mais interessante. Já tô de olho!