elas estão em todo lugar e outros tópicos (anotações da Abraji – parte 3/3)
balaio de ideias - alguns destaques do que vi no evento e meu balanço
📌 o que tem aqui: terceira e última parte de minhas anotações do 18º encontro da Abraji
🗣️ papo rápido por motivo de edição longa: mais do que as primeiras, esta aqui tem mesmo um caráter de bloquinho de anotações de evento (leia-se, caótico). breves afirmações e resumos em tópicos de aspectos que me chamaram atenção nas melhores atividades que vi e que não foram mencionadas antes.
se perdeu alguma das duas primeiras edições, aqui estão elas:
parte 1 - investigação e big techs
parte 2 - jornalismo investigativo, o que tem a ver?
o emoji 🎥 indica mesas que acompanhei gravadas, pós-evento.
quem é novo por aqui: bem-vinda, bem-vindo! tenho uma edição que explica o que é minha pesquisa no doutorado, que justifica a existência da /minuta → aqui.
vamos nessa! 🙋
a mídia e os ataques em escolas - erros que não podemos repetir 🎥
editoria: sociedade, não polícia.
quem cobre também pode ser vítima do trauma.
registrar informações sensíveis em matérias para gerar dados para pesquisa e políticas públicas não é uma desculpa plausível.
reportagem de Laura Mattos, uma das mediadoras: Imprensa brasileira debate e redefine cobertura de ataques para evitar efeito contágio.
eu nem esperava, mas o debate da responsabilização das plataformas aconteceu aqui nesta mesa (está em todo lugar). o que se debateu:
jornalistas se preocupam tanto e informações sensíveis correm à solta nas plataformas. jornalistas precisam cobrar mais responsabilização das plataformas nesses casos, mas reconhecem que o lobby é forte.
Jeduca | Veja as orientações para a cobertura de massacres em escolas.
protocolo de abordagem No Notoriety
capacitismo e jornalismo: não empurre essa discussão para debaixo do tapete na sua redação
Jairo Marques (Folha) reforçou que pessoas com deficiência ainda estão fora das pautas (principalmente das cotidianas).
expressão capacitista muito usada em ambiente de redação, alertada por Jairo: “ah, é que eu não tenho braço para cobrir essa pauta”. ⚠️
pra prestar atenção: Monica Santana é psicóloga, consultora de rh, atualmente trabalhando para o Alma Preta Jornalismo e além dos temas da inclusão, pareceu-me alguém muito atenta ao mercado de mídia.
#ensino 🎥
destaque para essa bibliografia apresentada pelo professor Samuel Lima (professor da UFSC e atual presidente da SBPJor) na mesa jornalismo investigativo: o que estamos ensinando e o que deveríamos ensinar
objetividade jornalística em pauta 🎥
Suzana Singer (Folha) adoeceu e teve que faltar ao debate sobre objetividade no jornalismo – em alta no momento nos EUA e bastante aquecido em colunas das Folha nos últimos meses. opinou no jornal sobre o tema gente de todo canto, menos Fabiana Moraes, pesquisadora pernambucana, colunista e que lançou este ano o seu livro justamente sobre a subjetividade (muito longe, defende ela, de ser uma pura e simples outra banda da dicotomia com a objetividade). Fabiana alfinetou não ter sido convidada. "não estou pedindo espaço na Folha não, está tudo bem comigo", ponderou em tom bem humorado. mas o debate foi bom e rendeu.
destaco:
faz sentido a expressão jornalismo profissional? para Fabiana, não se trata disso, preferindo classificar como jornalismo comercial (ou seja, quem depende ou não de publicidade).
Ana Rita Cunha, diretora de audiência de Aos Fatos, deu uma dica de um bom pressuposto para o jornalista dos nossos tempos: as pessoas não confiam tanto mais em jornalista (mostram várias pesquisas). isso mesmo, não confiam tanto assim em você, jornalista, então, esforce-se e se preocupe em ser transparente nas suas apurações, em explicar como apurou as informações.
transparência tem sido uma marca de parte das empresas que cobrem as plataformas. Núcleo Jornalismo, por exemplo, mantém uma seção chamada ‘Como fizemos isso’ ao final das reportagens
reuni uma porrada de links sobre objetividade que entrou no debate: aqui.
curtas
Voz Delas: como usamos IA para ajudar na diversidade de gênero das fontes 🎥
A Folha tem um projeto sendo rodado em parceria com o Google que estima o uso de fontes masculinas e femininas e pretende usar tecnologia para maior equidade de gênero. é similar ao She Said, He Said - do Financial Times. Pela conversa, há uma próxima etapa que prevê mais divulgações sobre o projeto, mas já tem um código Open Source no GitHub.
dados escancaram racismo
Ilica Mahajan (The Marshall Project) contou sobre a ação para compreender os dados que funcionam do sistema penal dos Estados Unidos. o encarceramento da população negra foi escancarado: 75% dos condenados dos processos levantados são pretos e pardos. Testify.
o vídeo que a Abraji produziu com a trajetória de Caco Barcellos
foi uma homenagem e tanta. emocionante e de reacender paixão pelo jornalismo. até agora estou na mente com a imagem, pra mim desconhecida, da passagem que ele fez ao lado de guerrilheiros colombianos armados, enquanto era sequestrado ao cobrir um sequestro (isso mesmo que você leu. doideira).
#o livro que eu trouxe
entrou na fila: A pauta é uma arma de combate: subjetividade, prática reflexiva e posicionamento para superar um jornalismo que desumaniza
balanço ⭐⭐⭐⭐⭐
imerso em eventos acadêmicos com formatos rígidos e muitos deles apenas remoto nos últimos anos, foi um respiro estar em um evento com tantos profissionais (alguns conhecidos, outros que me deram vontade de acompanhar o trabalho).
foi minha primeira vez presencialmente no encontro da Abraji. o evento é um labirinto. a cada nova rodada de atividades, ao longo dos quatro dias de programação, sem brincadeira, você tinha mais de dez opções de atividades acontecendo simultaneamente. a FOMO gritou, mas muitas atividades foram gravadas e aproveitei esse recurso no pós-evento.
de fato curioso, embora esperado… houve muitas e muitas críticas às plataformas convivendo com tênis de mesa, cookie delicioso e refri oferecidos pelo Google, além de patrocínio da Meta e TikTok. como nas plataformas, essas críticas são normais e fora do controle – ainda bem! reforço um ponto que está no artigo que apresentei lá: não dá para fazer associação rasa entre dinheiro das plataformas e acriticidade.
em tempo: o evento pagou as despesas de passagem e hospedagem dos palestrantes e leia isso como aquela nota dos jornais "o repórter viajou a convite de ____".
breve autocrítica: pandemia me fez ainda pior no quesito networking em eventos. se tem dicas, me manda. onde aprende??
🟪 fim das anotações do congresso
📝NO QUE EU ESTOU TRABALHANDO
fechando hoje o texto “Como investigar a comunidade interpretativa jornalística no contexto da plataformização: primeiras reflexões”, para o I Seminário de Metodologia em Ciências Sociais, que acontece daqui a um mês.
⚙️ /MINUTA IN PROGRESS – AGORA COM ENCONTROS QUINZENAIS
decidi a partir da próxima edição sempre termos envios quinzenais, nos dia 1º e 15 de cada mês. acho um ritmo saudável. combinado? até sexta!
📅 PRÓXIMA EDIÇÃO
breve relato sobre participação no Workshop Jornalismo e Plataformização ECA-USP. quando? dia 1º pra já entrar no ritmo da nova dinâmica.
📷 preview | foto de Pedro Moreira/divulgação Abraji
Uma boa jornalista que conhecemos falou sobre networking em sua newsletter da semana passada. Vou te deixar o link