fui parar na sociologia
discussão metodológico em evento provocou interdisciplinaridade da pesquisa com cobranças da sociologia
⌛ tempo de leitura: 7 min.
📌 o que tem aqui: o que vi no I Seminário de Metodologia em Ciências Sociais (I SMCS) e a sociologia das profissões se apresentou pra mim
📍 o que foi apresentei no evento do Methodos - Grupo de Pesquisa em Metodologia Política, no final do mês passado, no Campus de São Lázaro (UFBA).
UM CONVITE
antes, você já está sabendo?
📥 a /minuta já tem mais de 100 inscritos. bem-vindos!
📅 neste sábado (21), encontro online para apresentar um resumo e discussão do livro Pesquisa em Comunicação.
lançado no ano em que eu nasci, 1990, esse livro tem pelo menos 12 edições e é um dos clássicos da comunicação + metodologia. para mim, ele tem dois méritos:
lhe situar sobre a história do início da pesquisa em comunicação no Brasil
propor um modelo para pensar etapas metodológicas. uma ótima sistematização da sistematização. [o mais importante]
esse foi o primeiro quadro que rabisquei quando me debrucei sobre o modelo, na última vez que eu li o livro há alguns meses. uma bagunça, ok, mas dá para sentir o qual sistemática a proposta é.
é sobre isso que quero trocar com você neste sábado (21). clarear as ideias sobre a leitura e, se aparecer alguém, discutir a proposta da professora Immacolata. vamos tentar criar juntos uma versão mais limpa e legível desse quadro?
-> a partir das 10h deste sábado. link da chamada neste link.
🖍️vamos então ao tema da edição: o que apresentei no I SMCS
se você estudou jornalismo, já ouviu a expressão comunidade interpretativa, que veio dos estudos de literatura para o nosso universo primeiramente por Barbie Zelizer, em seu doutorado em filosofia pela Universidade da Pensilvânia. ela explica:
os jornalistas formam um grupo que desenvolve e compartilha estratégias interpretativas para dar sentido ao mundo.
[ref.]
tenho trabalhado com esse conceito. vi a chamada do seminário sobre metodologia em ciências sociais e pensei: eles podem me ajudar nessa. escrevi, então, uma ‘discussão metodológica’ para o evento com o título:
Como investigar a comunidade interpretativa jornalística no contexto da plataformização: primeiras reflexões
acima o áudio da apresentação lá do evento, mas em resumo essa foi a trajetória que percorri:
📑 o que preciso
formas mais sistemáticas de mergulhar na especialização da cobertura das plataformas. ou seja, preciso ajustar a metodologia para ver esse fenômeno no contexto da plataformização de forma melhor.
📑 o que fui buscar
ferramentas, ponderações e limitações metodológicos relacionadas à aplicação do conceito de comunidade no jornalismo em minha pesquisa.
📑 para isso, fiz:
um levantamento bibliográfico, uma espécie de revisão de escopo, para entender quais métodos são mencionados por pesquisas que usam a ideia de “comunidade interpretativa” no jornalismo e como avaliam sua capacidade de produzir uma leitura desse fenômeno.
📑 levantei
20 pesquisas (foram mais, mas essas eram as mais robustas), de diferentes formatos acadêmicos, em português e inglês, que mencionam jornalismo e variantes + comunidade interpretativa e variantes. [solicite acesso à tabela com resumo das publicações]
📑o que identifiquei
entrevista e/ou survey dominam.
comunidade interpretativa tem forte associação com jornalismo especializado - principalmente em coberturas climáticas.
análise de conteúdo e frame: aparecem como índice de que há uma comunidade.
📑 vai servir para
esse levantamento vai servir para a primeira parte empírica de minha pesquisa (exploratória) e vai guiar a segunda fase (estudos de caso).
📑 curiosidades:
não havia encontrado, até o evento, trabalhos sobre comunidade interpretativa no jornalismo de viés etnográficos, tipo o clássico de Gaye Tuchman. parece quase uma metodologia óbvia para pesquisar esse objeto. insisti na busca e encontrei a tese do professor Marcelo Träsel (PUC-RS) que faz muitas menções à “comunidade profissional jornalística” e tem metodologia de viés etnográfico.
📑 para incluir na tabela depoishá muitos cruzamentos entre os nossos interesses de pesquisa. vi algumas associações do método para investigar comunidades com o conceito de metadiscurso jornalístico. e já me interessei por isso antes (até já escrevi um capítulo de livro usando ele). faz muito sentido pensar esses dois conceitos juntos já que Zelizer crê que os jornalistas usam as comunidades para, entre si e muitas vezes discursivamente, reforçar suas autoridades para narrar os fatos.
📑 uma discussão para fazer
há precedente na relação jornalismo especializado e comunidade interpretativa. isso bate com o que eu já estava pensando, de usar o conceito para jornalistas especializados em cobrir as big techs. porém, me incomodou que quase a totalidade dos estudos que faz esse cruzamento olha somente dentro da própria comunidade, não tendo uma visão comparativa para entender como jornalistas que estão fora desta subcomunidade entendem sobre o tópico da especialização. isso inclusive me parece fundamental para saber se de fato há uma subcomunidade, que interpreta os eventos de uma forma diferente por conta da especialização. vou conseguir fazer isso? só deus sabe rs
📑 para o futuro
incluir outros termos similares e/ou de outras áreas na radar dessa busca por metodologias:
-> comunidades epistêmicas
-> comunidade discursivas
-> comunidade de prática
-> comunidade profissional [como achei na tese de Träsel]
feedback e como parei na sociologia - ou devo (?) parar
o principal comentário sobre a minha pesquisa no evento, do mediador, foi sobre ele estar em uma área de fronteira. ele se referiu a uma “tensão disciplinar”, cobrando referências das ciências sociais, da sociologia das profissões, algo como a sociologia das práticas jornalísticas, algo próximo ali da discussão de campo de Bourdieu [que ilustra essa edição]. tenho bagagem para isso? ainda não sei, mas vou correr atrás. engraçado que quando eu ouvi esses comentários tinha poucas horas que li as observações de minha orientadora e que ia na mesma direção: “deontologia, profissionalização e desprofissionalização”, sugeriu ela. ou seja, uma nova frente de trabalho para capinar, não muito profundamente já que meu trabalho é sobretudo do campo dos Estudos de Jornalismo Digital.
outros contribuições para o trabalho
-> cuidado para utilizar ferramentas que realmente são aderentes ou capazes de responder às suas questões de pesquisa (a minha principal é “como os jornalistas têm se especializado na cobertura de plataforma?”
-> me sugeriram fazer uma revisão sistemática dessa questão, mas acho que vale ter cuidado para imprimir a força que as coisas realmente demandam.
o que pesquei de outras apresentações
curioso o aspecto cíclico das discussões: tinha uma apresentação que identificou pesquisa sobre grupos neonazis no o-r-k-u-t, o novo velho.
vale pensar de forma casada as ideias de métodos-técnicas-fontes, como uma coisa só?
sopa de letrinhas de outras apresentações que vi por lá e gostei
revisão sistemática. acesso à informação. etnometodologias. história de vida. sociologia urbanas. monoquíni. iconoclastia x vandalismo.
(se sair anais, divulgo aqui)
NO QUE ESTOU TRABALHANDO
🗃️ ainda estudando e elaborando um dossiê sobre comunidade interpretativa.
LEITURAS NO RADAR
📝 Digital Journalism lançou um especial sobre plataformização das notícias [link]
📝 Dossiê Sociologia do Jornalismo, da revista Plural [link]
[comecei e tem ótimos artigos]
MINHA AGENDA
📅 21/10 discussão sobre metodologia com leitores da /minuta | online [link]
📅 25/10 palestra "Jornalista e agora? Uma conversa sobre as dores e delícias da profissão" | 18º interculte | Unijorge (Salvador) [link]
📅 08/11 oficina “Novas formas do texto jornalístico na internet” | 21º SBPJor | FAC UnB (Brasília) [link]